Quem é você no CIn — Graciliano Galindo
Seja aluno, servidor, professor, funcionário ou estagiário. Cada um é extremamente importante e necessário para fazer girar a roda de engrenagem do Centro de Informática (CIn) da UFPE. No ‘Quem é Você no CIn’ de hoje, o alumnus do curso de Engenharia da Computação, Graciliano Galindo, compartilha sua rica vivência ao longo da graduação e como estudar no CIn impactou seu crescimento pessoal e carreira profissional. Confira a seguir:
“Minha história começou na adolescência, quando tentei recriar jogos da minha infância, por diversão, sem saber nada sobre programação. Por não entender ter conhecimento suficiente na área, acabei me frustrando e parei por aí. Quando ingressei na UFPE, acho que no fundo ainda estava um pouco frustrado por ter sido derrotado pelo cansaço quando adolescente, então apesar de ter me desapegado da vontade de criar jogos, ainda tinha a certeza de que queria entender tudo sobre como computadores funcionam e entrei para o curso de Engenharia da Computação no CIn em 2012.
Tive maravilhosos professores e colegas no Centro, que me ajudaram, principalmente nos dois primeiros anos de curso, a ver do que eu era capaz e despertaram meus sonhos. Participar de monitorias e outros eventos que o centro oferece me trouxe pra mais perto da comunidade do CIn e me senti acolhido, com pessoas de interesses semelhantes à minha volta.
Desde 2010 eu já tinha um fascínio pelo Japão e pelo convívio dos japoneses com a tecnologia no dia a dia. Isso se juntou ao meu despertar para as possibilidades e me fez pensar “Ah, por que não, né?” e esse pensamento me levou a participar do processo de ingresso no hoje inexistente, Ciências sem Fronteiras. Sempre fui medroso, então essa era uma oportunidade perfeita para amadurecer e descobrir mais do mundo.
Durante um ano na Universidade de Tsukuba tive aulas de computação, de língua japonesa e também a oportunidade de realizar minha própria pesquisa no renomado Laboratório de Visão Computacional (CVLAB). Ao mesmo tempo que muitas coisas eram novas e diferentes, dava pra notar similaridades com o CIn que me fizeram dar mais valor ao Centro. Certamente me senti preparado para os desafios da programação, graças aos conhecimentos adquiridos no CIn. Ao longo desse ano no Japão, me chamava muito a atenção de como jogos eletrônicos são ubíquos na sociedade deles, e isso fez ressurgir minha vontade de adolescente de criar jogos, pois via o impacto positivo que poderia ter na vida de tantas pessoas. Além disso, foi também um tempo de grande descoberta e evolução pessoal, então voltei ao Brasil com outros olhos para meu futuro profissional e pessoal como um todo.
Durante o fim do intercâmbio, e após voltar, passei a cada vez mais a estudar o desenvolvimento de jogos por conta própria. Como desta vez já possuía os conhecimentos que me possibilitaram entender os processos, foi algo muito natural e que puxava meu interesse quanto mais descobria sobre o que se envolvia no trabalho dessa indústria. Nesse tempo, também descobri que existiam outras pessoas no CIn com esse mesmo interesse e descobri ótimas disciplinas no Centro que envolviam jogos, além da oportunidade de participação em gamejams e outros eventos que realizei junto com amigos do CIn. Vendo isso, fui desconstruindo a ideia formada que eu tinha de que não era viável trabalhar na área de jogos.
Como parte do meu descobrimento pessoal, eu estava chegando a termos de me entender como parte da comunidade LGBTQIA+ nessa época. No CIn, também encontrei o apoio que me deixou confortável para ser eu mesmo enquanto estudava o que amo. Então, mais uma vez o Centro teve grande impacto em várias etapas da minha vida.
Ainda faltando alguns anos para terminar a graduação, tive a oportunidade de trabalhar remotamente com um time global (Gears for Breakfast), na criação de um jogo (A Hat in Time) em 2016. Antes disso, eu acompanhava o desenvolvimento do game por fora e apenas como fã. O desenvolvimento desse projeto fez com que eu tivesse menos tempo para focar na graduação, mas não poderia de jeito algum rejeitar a oportunidade de começar minha carreira em jogos com algo tão especial pra mim.
Como estágio obrigatório da graduação, aproveitei para conhecer também o mercado local, então trabalhei por um ano na Manifesto Games, que foi uma ótima experiência, inclusive ao lado de amigos do CIn que também estavam por lá. Me lembro que um tempo antes de trabalhar lá, eu tinha assistido palestras da Manifesto Games que aconteceram no Centro sobre a empresa e o mercado de jogos. Se não fosse pelo Centro, talvez eu não tivesse pensado nessa possibilidade de estágio. Esse fato me faz ver como as parcerias de diversas empresas com o CIn são de grande valor para os membros da comunidade acadêmica.
A partir dessas experiências, com o passar do tempo e a concretização na minha cabeça de que é possível seguir atrás dos sonhos, foi crescendo em mim a vontade de juntar tudo que me interessava. Decidi que, quando terminasse o curso, iria tentar explorar o lado do Japão que não conheci no intercâmbio: o de desenvolvimento de jogos no mercado de trabalho.
No fim de 2018, realmente parecia que tudo estava convergindo para uma virada de era na minha vida. Estava concluindo meu TCC e prestes a finalizar o curso de graduação. Estava participando de processos seletivos para empregos no Japão e ainda por cima me casei! No começo de 2019, me despedi de família e amigos e vim com meu marido para Tóquio onde comecei a trabalhar na Soleil Game Studios, mais uma vez no desenvolvimento de um jogo de meu interesse (Naruto to Boruto: Shinobi Strikers). Hoje estou há dois anos e meio fazendo um trabalho que me divirto diariamente onde sinto o impacto positivo que faço no mundo.
Por fim, eu entrei no CIn pensando que iria aprender sobre computadores e acabou que o Centro foi causa de grandes influências positivas no meu futuro tanto profissional quanto pessoal.”
Arte por: Sara Mirella