Quem é você no CIn? — Erika Pessôa

Centro de Informática da UFPE
3 min readNov 3, 2020

Seja aluno, servidor, professor, funcionário ou estagiário. Cada um é extremamente importante e necessário para fazer girar a roda de engrenagem do Centro de Informática (CIn) da UFPE. No ‘Quem é Você no CIn’ de hoje, a estudante de Doutorado do Centro, Erika Pessôa, compartilha sua trajetória e experiências ao longo dos 23 anos em que considera o CIn como sua segunda casa. Confira a seguir:

“Mulher, branca, cisgênero, heterossexual, nordestina, não-periférica, feminista e aprendendo a agir como uma pessoa aliada antirracista. Deixo essas informações explícitas porque acho importante você me localizar — e localizar essas informações na sua cabeça — antes de continuar lendo esse texto! ;)

Atualmente estou integrada ao Doutorado, segundo ano, mas a minha história com o Cin começou bem antes, uns 23 anos atrás, quando eu entrei na graduação de Ciência da Computação do Departamento de Informática da UFPE — turma 97.2. Eu ainda lembro do meu primeiro dia de aula, perdida, sem conhecer uma viva alma e sem imaginar que esse lugar ia, entre tantas coisas, me apresentar a algumas das melhores pessoas e mais importantes da minha vida que ainda continuam comigo até hoje. Só por isso, eu já teria muito por agradecer. Tanta história pra contar desse lugar que foi minha segunda casa durante 5 anos, onde eu chorei muitas vezes e onde eu aprendi um bucado de coisas, mas quando eu terminei a graduação eu pensei: beleza, acho que agora é hora de seguir outros caminhos, e lá fui eu embora fazer mestrado no Rio. Sem saber que anos depois eu estaria aqui novamente. E aqui estou!

No centro de informática que agora tem um crachá verde para quem é estudante — lá atrás, no começo do centro, todos os crachás eram iguais, vermelhos… deixa a gente pensando :) No centro de informática que agora tem três cursos de graduação, não sei quantas empresas parceiras — lá naquele tempo, só tinha basicamente o CESAR, onde eu trabalhei e essa parte eu ainda me divirto lembrando, como eu assistia uma aula, saia da sala, subia as escadas, sentava na minha baia, trabalhava duas horas, descia as escadas, almoçava, assistia outra aula, subia as escadas, sentava na minha baia… já deu pra entender né? No centro de informática que hoje tem o Grupo Cintia, pra mim, de longe, um dos maiores avanços que o centro obteve. E um grande incentivo para me fazer voltar.

Porque a minha pesquisa tem foco em gênero e tecnologia e já fazia alguns anos que eu estava pesquisando longe das universidades. E eu já tinha considerado fazer meu doutorado em outras áreas. Porque como a grande maioria das pessoas, eu também tinha sido convencida de que computação é uma área puramente das exatas e que certos assuntos têm que ser estudados pelas humanas. Como eu estava enganada e que bom que eu não percebi esse engano sozinha. E que bom que pessoas que estão dentro do Centro de Informática, que pessoas que compõe o corpo docente e que escolhem quem vai pesquisar com elas e que tem poder de decisão sobre os temas de pesquisa também estão começando a perceber isso. Porque assim eu pude voltar, pude iniciar a minha pesquisa que está tentando entender como aumentar a retenção de mulheres nos cursos de computação, pude me integrar ao Grupo Cintia, pude começar — em conjunto com outra mulher — um podcast que conversa sobre mulheres e TI, feminismo, diversidade, pesquisa, trabalho, universidade, preconceito, opressões, oportunidades, mudanças, tudo junto e misturado, porque assim é a vida, como disse uma das nossas convidadas, incremental e cíclica.

É muito interessante olhar pra trás e ver o quanto do CIn continua igual e o quanto mudou, ao mesmo tempo. Eu, hoje, no CIn, sou a pessoa que observa e questiona… mas isso é parte do que uma pessoa pesquisadora deveria fazer não é mesmo? ;) Então talvez eu esteja num bom caminho!”

Arte por: João Montenegro

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